Segmento de duas rodas representa 43,7% dos veículos emplacados no Brasil em 2025

Os preços de motos continuam sendo um dos motores do apetite do consumidor brasileiro por duas rodas em 2025.

E não é só impressão: as motocicletas já respondem por 43,7% de todos os veículos emplacados no país neste ano, segundo dados da Fenabrave.

Esse salto consolida a moto como solução de mobilidade e trabalho em um cenário de juros elevados e orçamentos mais apertados.

O avanço do segmento vem acompanhado de volume recorde: apenas no primeiro semestre, o mercado interno registrou 1.029.298 motos emplacadas, marco que ajuda a explicar por que as duas rodas ganharam tamanho peso no mix de veículos novos.

No recorte mais recente, setembro somou 205.862 motocicletas licenciadas, uma expansão robusta sobre agosto e sobre o mesmo mês de 2024.

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O que explica a virada das duas rodas em 2025

A combinação de ticket médio inferior ao dos automóveis, custos de uso/manutenção mais baixos e a demanda de last-mile (entrega rápida e apps) sustenta o crescimento desde 2023.

Do lado da oferta, a indústria mantém produção aquecida no Polo de Manaus e projeta fechar 2025 com 1,88 milhão de unidades fabricadas, sinalizando confiança para atender o varejo e a renovação de frotas profissionais.

Ao mesmo tempo, a Fenabrave revisou para baixo a expansão dos carros e comerciais leves neste ano, efeito dos juros altos, enquanto o canal de motos segue resiliente.

A entidade agora estima +2,6% para o total de veículos em 2025, cenário que ajuda a realçar o protagonismo das duas rodas dentro do resultado agregado.

Participação de 43,7%: por que o número importa

Alcançar 43,7% de participação significa que, a cada 10 veículos novos emplacados, quase 4,5 são motos.

Na prática, isso muda a forma como concessionárias, bancos e seguradoras planejam produtos, estoque e crédito.

Para concessionários, a maior participação de motos dilui a dependência do ciclo de automóveis e abre espaço para novos serviços (consórcio, peças, vestuário e acessórios).

Para o consumidor, o peso crescente pressiona fabricantes a manterem a oferta competitiva em tecnologia, desempenho e, principalmente, em preço final.

Volume e dinâmica de vendas ao longo do ano

O primeiro semestre ultrapassou 1 milhão de motos emplacadas; julho veio forte, e setembro confirmou a aceleração, com 205,8 mil unidades, alta de dois dígitos mês contra mês e ano contra ano.

Essa sequência ajuda a sustentar o share de 43,7% e sinaliza tráfego forte nas lojas, com marcas líderes mantendo tração em motos utilitárias e de entrada.

Liderança de modelos e preferência do consumidor

O ranking mensal segue dominado por Honda CG 160, Biz e Pop, trio que reforça a preferência por motos econômicas, robustas e fáceis de manter.

São modelos que atendem tanto o trabalhador urbano quanto quem busca mobilidade acessível.

O comportamento do top-sellers indica que o consumidor continua priorizando baixo custo por quilômetro e valor de revenda, fatores diretamente ligados à percepção de custo total de propriedade.

Oferta: produção aquecida e menos rupturas

No lado da oferta, a Abraciclo projeta 1,88 milhão de motos produzidas em 2025, +7,5% ante 2024.

A continuidade desse ritmo reduz riscos de falta de produto e ajuda a estabilizar prazos de entrega, especialmente em categorias de alto giro.

Para o varejo, isso se traduz em campanhas e financiamentos mais previsíveis, com possibilidade de manter prateleiras abastecidas e negociar melhor com a rede.

Crédito, juros e o peso do “boleto”

Ainda que o crédito para veículos siga pressionado, motos sentem menos o efeito dos juros do que os carros.

O tíquete menor reduz a parcela e o prazo, permitindo uma base maior de compradores, inclusive em consórcio, canal tradicionalmente forte no segmento.

Em paralelo, a expansão do trabalho por aplicativos mantém demanda estrutural por motos novas.

Impactos para preço, revenda e planejamento de compra

Com mais volume e competição, o mercado tende a moderar os repasses de custos sempre que possível, mesmo num ambiente macro desafiador.

Para quem acompanha preços de motos, três pontos devem guiar a decisão de compra:

  1. Calendário de lançamentos e linhas 2026: versões novas costumam puxar promoções das saídas de linha;
  2. Custo total de propriedade: consumo, manutenção e seguro pesam mais que a parcela;
  3. Liquidez no usado: modelos líderes (CG, Biz, Pop) mantêm revenda mais rápida, o que protege o bolso na troca.

Conclusão

Em 2025, o Brasil viu as motos saltarem para 43,7% dos emplacamentos, tornando-se o destaque do mercado automotivo, tanto por necessidade (custo e trabalho) quanto por conveniência (mobilidade urbana).

O ciclo de produção em alta, a liderança consistente de modelos acessíveis e o volume expressivo ao longo do ano criam um ambiente relativamente favorável ao consumidor, com oferta ampla e disputas comerciais que ajudam a segurar reajustes.

Para quem acompanha os preços das motos no mercado e planeja comprar, vale monitorar promoções de fim de ano, a manutenção do ritmo de produção e a liquidez no usado, três variáveis que, somadas, podem fazer 2025 terminar com a melhor janela de aquisição dos últimos anos para o segmento de duas rodas.

Pierre Barros Sou Pierre Barros, apaixonado por velocidade e motos desde criança. Nasci em Recife/PE mas me mudei para São Paulo ainda na adolescência, me formei em Fotografia pelo SENAC e em Gestão Financeira na UNIP. Meu hobby favorito é escrever sobre o universo duas rodas (quando não estou andando de moto, claro). Atualmente tenho duas motos, uma Scooter Honda ADV para o dia a dia e uma Kawasaki Ninja 1000 para acelerar nos finais de semana.
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